Ganhar e Ganhar

Sendo por vezes obsessiva a cultura do desporto espectáculo, penso que ainda mais perigosa e destrutiva é a mania de se considerar como valor ético o conceito de que ganhar é tudo e de que uma pessoa não vale nada enquanto não for o número 1.
Não vale a pena saber "como jogaste" pois só interessa saber se ganhaste!
Se esta ideia de ganhar a todo o custo construiu universidades de algum nível desportivo, teremos de nos preocupar pelo facto deste mesmo conceito estar a penetrar cada vez mais também no desporto das crianças e jovens. Thomas Tutko e Williams Bruns

Em parte poderei afirmar a minha concordância com esta teoria expressa. Evidentemente que ganhar a todo o custo não interessa, sendo até no sentido ético bastante deplorável. Ainda mais se se trata de incutir nos jovens praticantes esse conceito negativo do desporto. No entanto, pela minha experiência de lidar com jovens praticantes, o factor ganhar não deixe de ter a sua componente positiva. Não deve é ser o objectivo nº 1. A criança sente-se mais motivada, orgulhosa e a sua auto-estima reforçada. E o mesmo acontece com o seu treinador e seus colaboradores. O homem é por natureza, um animal competitivo, daí a popularidade de qualquer desporto. Sendo a competição a tentativa de o homem de se superar a si próprio.

O Nível dos Nossos Treinadores

Recentemente dois treinadores do nosso Distrito, Paulo Santos e Ricardo Fernandes, frequentaram o curso de formação de nível III, passando com aproveitamento. A notícia passou num conhecido fórum onde se fala de tudo, e até o que se não deve, sendo as primeiras opiniões sobre a notícia, um tanto ou quanto contraditórias, aliás, como já se esperava.

Em primeiro lugar, quero dar os meus parabéns aos referidos treinadores, pelo esforço desenvolvido e o interesse manifestado pela modalidade, sendo sem dúvida boas valências para o desenvolvimento do futsal do Distrito.

Mas temos que analisar as opiniões diferenciadas sobre se, valerá a pena ou não qualquer tipo de iniciativa deste tipo, não só para os interessados, como para a modalidade em si no Distrito. Acho que, depende do contexto em que estamos a observar a questão.

Sem dúvida que os jogadores, as equipas e consequentemente o nível do futsal no Distrito evoluirá com os conhecimentos adquiridos por estes treinadores. Ainda para os próprios, são mais valias que é bom possuir. Conhecimento é poder. Tornando-se os horizontes muito mais vastos, dependendo, está bem, das ambições de cada um desses treinadores.

Se, entretanto, olharmos para o estado actual de absoluto amadorismo dos jogadores que actuam nos Distritais, mesmo na sua própria mentalidade, as infraestruturas da grande maioria dos clubes, alguns aspirando muito naturalmente a subir a outros patamares (escalões), a falta de meios para os treinadores trabalharem em conformidade com as suas teorias entretanto adquiridas, somando a tudo isto, o difícil retorno do seu próprio investimento, porque são poucos, os clubes que podem remunerar convenientemente, acho que realmente não valerá a pena.

Acho que, a chave está no investimento dessas valências na área da formação.